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NOME: Manuel Bravo Saramago NASCIMENTO: 19/10/1944, Tombos - MG FORMAÇÃO: Bacharel em Direito pela Faculdade Cândido Mendes - Rio de Janeiro/MG - 1971. Mestre em Direito Processual pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - Belo Horizonte/MG - 2003.

sábado, 22 de agosto de 2009

Crônica Atleticana

Transcorria o ano de 1958, Maria Ângela, jovem com 15 (quinze) anos de idade, filha de deputado federal ( época que deputado era dotado de respeitabilidade) e fazendeiro riquíssimo na região do Vale do Rio Doce, estudava interna no colégio Sion de Belo Horizonte. Nas saídas aos domingos para a casa da avó, localizada no bairro da Serra, conheceu Fernando Antônio, pai riquíssimo também, grande produtor de café da Zona da Mata. Em Manhuaçu, ficavam duas das suas quatro fazendas. O jovem estudava no colégio Arnaldo, no último ano do científico, já encaminhando para a Universidade de Viçosa, onde, tempos depois, viria a se bacharelar em Agronomia, com 23 (vinte e três) anos de idade. Maria Ângela concluiu o curso clássico e fez línguas (Latim e Francês) na UFBH. Tudo fazia caminhar para o casamento, o que acabou por acontecer em 1962. Lindíssimo! Lua de mel na Europa. Enfim, maravilhas mil! Passaram os anos e o casal - casal modelo -, por volta de 1971, já tinha 4 (quatro) filhas - Maria Clara, Maria Alice, Maria Angélica e Maria Pia, a mãe era muito devota de Nossa Senhora e só evitava filho pelo método natural- e Fernando Antônio, com cerca de 36 (trinta e seis) anos, era proprietário de uma fazenda que criava gado de corte no vale do Mucuri e outra produtora de café na região de Mantena. A família residia em Teófilo Otôni, com casa em Belo Horizonte, comprada para a educação das filhas. Tudo ia como Deus queria até que Fernando Antônio, numa noite, voltando de Mantena, à procura de uma aventura, passou pela "Casa da Luz Azul", na beira da Rio/Bahia, próximo a T. Otôni, de propriedade da cafetina Tiana, conheceu Sueli, "Su" para o ambiente, morena, linda, com cerca de 1,80 da altura, olhos verdes, cabelos compridos, corpo escultural, rapariga nova na vida, o seu pai, da região de Inhapim, a expulsou de casa porque tinha ido além do costumeiro com o namorado. Fernando Antônio, ao ver aquela "chave de cadeia", não aguentou e foi para o quarto com Su. Aí, sobre a enorme penteadeira, havia inúmeros perfumes, todos da pior qualidade, mas que deixavam um rastro de desgraça deixavam. Ao lado da cama, uma bacia de esmalte branco e cobrindo o colchão uma colcha azul forte, de péssimo gosto; na parede, sobre a cabeceira da cama, um quadro de São Jorge, com uma luz vermelha abaixo, clareando o quadro. Enfim, o quarto tinha todas as características de um quarto de bordel vagabundo de beira de estrada. Não obstante, Fernando ficou inebriado com Su, tão nova, tão linda e tão devassa. Tudo feito, pagou a Su dez vezes mais o preço cobradado pela casa e ainda deixou pago o equivalente a uma semana de pensão de Su junto à Tiana. Esta, quando Fernando Antônio foi embora, chamou a pensionista e lhe disse: segura este porque é um fazendeiro riquíssimo próximo a Nanuque. Fernando voltou diversas vezes ao bordel e acabou por tirar a menina mulher daquele ambiente e montou casa em Itambacuri, onde passava duas vezes por semana indo e vindo de Mantena. A casa montada tinha de tudo, do bom e do melhor, com péssimo gosto, nada combinava com nada. Acabou por vir uma filha e a mulher fez questão de colocar o nome de Maria Arlete, parecido com os das legítimas, aconselhada por uma rezadeira, parteira e outras coisas mais, alcoviteira, mulher velha e experiente, sua vizinha. Enquanto tudo acontecia, Maria Ângela sofria com o distanciamento do marido, sempre chegando em casa nas voltas de Mantena com cheiro de perfume vagabundo. Coitada! Maria Ângela tudo sentia sem deixar que as filhas percebessem. Recorreu ao confessor, o franciscano Frei Henrique do Rosário, e este a aconselhou a suportar a dor em razão das filhas e também pela indissolubilidade do vínculo - o sacramento do matrimônio acima de tudo -, mas que se preservasse e com a esperança de que um dia tudo acabaria e Fernando optaria pela esposa e filhas. Até que ficou sabendo da existência de Maria Arlete - não falta gente para fazer inferno -, passou a se preocupar com a criação da irmã das suas filhas. Quando nada dava jeito àquela situação, Maria Ângela transferiu a residência para a casa de Belo Horizonte, onde foi morar com as meninas e deixou Fernando morando em T. Otôni. Ele vinha a B.Horizonte de 15 (quinze) em 15 (quinze) dias visitar a "família", a casa das 5 (cinco) Marias. Fernando acabou por saber que Sueli o traia com o cabo Antônio Firmino da PM, comandante do destacamento de Itambacuri, e com o delegado de polícia regional, Dr. Jurandir, que era sediado em G. Valadares. Houve uma briga terrível na delegacia de Itambacuri entre o cabo e o delegado por causa de Su. Não ficou só nos dois, ela traiu Fernando também com o gerente do Banco do Brasil da agência local, ainda falavam dela com um frentista do posto que fica à beira da estrada e com um representante comercial que passava por Itambacuri duas vezes ao mês. A enorme bagunça aprontada por Sueli não tinha ainda força para que Fernando dela se afastasse. Era preciso mais! Diante do fato ocorrido na década de 70 do século passado, vejo-me igual ao Fernando, só que a minha Su é o Atlético. Amante vagabunda, que trai descaradamente o companheiro com o que há de mais desclassificado, que são Avaí, Barueri, Santo André e um time do Barro Preto, e cada vez mais sinto-me preso à desgraça preta e branca. Até quando, não sei.
Esta é uma obra de ficção. Qualquer semelhança na vida real é mera coincidência.

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